mergulho



na hora esquiva
das águas apurando
dias em ilhas alheias
ao sal me conservo
dentro dos ossos
experimentando
o nascimento de asas
translúcidas
e voo pássaro


o bico aponta
meu peito
e ronda meu corpo
mergulhado
em acasos
de peixes e sargaços


e eu
raramente em mim
concha adversa
me fecho
nessa mudez
que pesca o verso






* Publicado no blog Novidades & Velharias

29 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Adriana,


Isso é um pesacar que também é metamorfose-enquanto-se-pesca. Quem pesca e quem é pescado? E o contexto temporal-atemporal é bom: "na hora esquiva das águas apurando dias em ilhas alheias..." Eis um tempo-além-do-tempo.



Beijos,




Marcelo.

Adrianna Coelho disse...


marcelo,

é muito bom ter seu olhar
sobre o que escrevo

gostei da "metamorfose-enquanto-se-pesca"

acho que é isso mesmo!

beijos, meu amor

Moacy Cirne disse...

Ponte Que Caiu!!! Que puto poema... Vi que você adotou o que eu chamo de "hiperligação". Mas o que diabo aconteceu com a Minha Feira de Blogue que o seu Metamorfraseando - logo o seu! - sumiu da listagem? E o pior: no momento, a ferramenta para atualizações também sumiu... Um beijo.

Moacy Cirne disse...

Eu aqui de novo, minha cara: o seu Metamorfraseando voltou a aparecer na Feira de Blogues, mas sem a devida atualização. Por quê? (Será que esse "^" também desapareceu com a reforma?) NãO SEI. Outro beijo.

Adrianna Coelho disse...


moacy, eu vou te explicar o que acontece, sim... rsrsr

beijos!

p.s. não se preocupe, não é nada demais o (des)acontecido... rs

Anônimo disse...

Esta metáfora da mudez como o anzol que pesca o verso é uma das melhores que já li. Se não for a melhor!
Você escreve com clareza, objetividade, mas consegue misturar este olhar 'profissional de versos' com a emoção.
Muito bom!
Gosto muito dos seus escritos.
Bitokitas e muita luz procê.

Yara Souza disse...

Pescado
na concha
de teu peito

um verso
perolado

Anônimo disse...

Que pescaria essa. Bela.

Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

PS - Existem no arco-íris búzios ancorados

em que ecoam as lágrimas dos homens

que morreram no mar.

Anônimo disse...

adrianna:
"na hora esquiva das águas" não
é coisa que qualquer um consiga escrever.
romério

Adair Carvalhais Júnior disse...

Olá,
dê uma olhada em
http://ventosdesencontrados.blogspot.com/

um abraço

Sabrina Nóbrega disse...

o verso ali
em refrações
de luz e água
enganou-se
na manha
muda e perspicaz
do anzol
agora é tarde
sua beleza
é nossa,
jamais


lindo, adorei o mergulho
e tudo por aqui. bjo

BAR DO BARDO disse...

poeta, poeta... por que você está sempre onde quer que se meta a linguagem? ah, e, dessa vez, prometo que não falarei sobre o ero... é, nada não! belo texto! bj!

Paulo Henrique Motta disse...

e bota calor nisso, querida Pavitra!!! rss

oscar kellner netto disse...

no vôo dos ossos
apurando o nascimento
de asas alheias
me conservo em ilhas,
translúcido pássaro,
ao sal esquivo
de águas experimentais

o acaso ronda meu peito
peixes e mergulhos bicam
meu corpo de sargaços

teu fecho
se abre em concha
e aberta tua nudez
tu, pérola rara,
fisga-me o último
verso.

Oscar 26/01/2009

Wilson Torres Nanini disse...

Maravilhoso!Adorei, principalmente porque é uma reação ao hermetismo dos que se consomem em pleno exercício de sua própria autofagia, quando na verdade deveriam experimentar o nascimento das asas.
Abraços.
Wilson Nanini

insens disse...

Lindo seu poema, a construção do discurso poetico, o uso das palavras. Posso invejar-te?

Heduardo Kiesse disse...

sinceramente estás na minha lista dos blogs indispensáveis - diria mesmo uma das melhores escritas que tenho encontrado!
beijos

nina rizzi disse...

tanto de mim
tanto mar
conchas
águas
voos
eu que sou
borboleta-d'água.

(cheguei aqui por que vi esse blogue em tantos outros que admiro.. aí vim. ai, que bom...)

omnia in uno disse...

adorei adorei!

beijos

Georgio Rios disse...

pescar os versos.Talvés este seja apenas um desejo meu como poeta, mais em teus versos existem mais que meus desejos poeticos.Há música,e esta música transborda...

Unknown disse...

nessa "n"udez
que pesca o leitor...

Bjs e salgadas invenções!

Fred Matos disse...

É sempre um prazer a sua poesia, Adrianna.
Beijos

Josely Bittencourt disse...

eu
rarefeita em mim
nesse mar onde o céu flutua...aff!


*

Ava disse...

Como uma leiga,apenas apreciadora de poesia...
Amei!
Admiro, muito, essa capacidade de brincar com as palavras, como se elas fossem bolinhas de gude...


Beijos e carinhos!

Anônimo disse...

Dri
que poemaço!

"essa mudez que pesca o verso"

lindo!

beijinhos e flores @}---

nina rizzi disse...

adorei o ensejo que pegou. como onda. jacaré que dizem...

Anônimo disse...

Adorei... Muito linda!!!

Depois de tempos sem escrever... Voltei com um novo MEME 2009...

Bjinhuxxx!

Adriana Riess Karnal disse...

Gostaria que fosses ao meu blog, tem uma brincadeira literária pra ti lá.Pega a outra ponta do fio.
bj
Adriana
http://anndixson.blogspot.com

cisc o z appa disse...

a
poesia
se faz
face-a-face
traça-a-traço
fogo riso dor aço

e
o silêncio
essa poesia traz
neste mergulho mudo
que
pesca o belo...

evoé!
.
.
.

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