Poema de Adrian Dorado
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no campo mimado de um poeta elétrico
CAMPOS MIMADOS
poemas fora de
ardem
para Adrianna Coelho
* * *
pela tua poesia andei
agora pise com cuidado:
plantei para ti
campos
mimados.
* * *
o sol alpino
na cabeça
o frio nada valha.
* * *
nenhum verso
seguro.
solto:
palavras
explodem no ar!
* * *
o sol
laço
quando
sou só
luço.
* * *
quero terminar essa poesia tonta
mas dizer não é tão ruim
que quando me dou conta
estou perto do sim.
* * *
amor
o gavião cai
por águia
abaixo.
carito
Um poema de Georgio Rios
[Georgio Rios, inspirado no poema com os pés no chão]
Um pedaço de mim
é tudo
e em nada me dispersa
hei de dissipar as luzes
e novas luzes trazer
desta jornada.
hei de ficar
onde caminho encontrar
onde houver
tal caminho
aninharei meus pés
nas veredas
e nestas sendas
aquietarei em silêncio
escutando as águas
que vertem do mais
secreto caminho
da mais profunda vereda
e caminhando ouvir a música
dos olhos distantes
Um pedaço de mim
é tudo
e em nada me dispersa
hei de dissipar as luzes
e novas luzes trazer
desta jornada.
hei de ficar
onde caminho encontrar
onde houver
tal caminho
aninharei meus pés
nas veredas
e nestas sendas
aquietarei em silêncio
escutando as águas
que vertem do mais
secreto caminho
da mais profunda vereda
e caminhando ouvir a música
dos olhos distantes
Olhos como mel
[Marcelo Novaes]
Você não sabia que esses olhos
eram meus, eram claros, eram mel.
Nem que a voz soava violoncelo,
próximo ao Natal.
E que eu deixaria seu corpo doído
por uma semana, na única noite de cio
passada no chão.
Você não sabia que, no meu quarto,
a luz tremeluzia. E que meu respirar
comportava tal silêncio: desses que só
pode dar água corrente, o sol nascente,
uma manhã no Chile.
Você não sabia que cabia no existir
tal densidade: bem maior que o tônus
muscular colado aos ossos. Por você
tudo apalpado. E nem conhecia o amor
que era canto e língua procurando cada
canto e tudo que os outros haviam deixado
intacto. Amar amor gentil, antes e depois do
ato.
Você não sabia o outro nome, pelo qual
te chamaria, com insistência, a certa altura:
nome lindo de se colocar aqui agora. Aquele
que um dia - intuo muito bem porque -, você
enterrara. Mas eu te sei nome e sobrenome,
também lá e então, e desde sempre. E saberei
cem jeitos diferentes de te chamar, Adrianna.
* Publicado no Balaio Porreta 1986 nº 2558
Você não sabia que esses olhos
eram meus, eram claros, eram mel.
Nem que a voz soava violoncelo,
próximo ao Natal.
E que eu deixaria seu corpo doído
por uma semana, na única noite de cio
passada no chão.
Você não sabia que, no meu quarto,
a luz tremeluzia. E que meu respirar
comportava tal silêncio: desses que só
pode dar água corrente, o sol nascente,
uma manhã no Chile.
Você não sabia que cabia no existir
tal densidade: bem maior que o tônus
muscular colado aos ossos. Por você
tudo apalpado. E nem conhecia o amor
que era canto e língua procurando cada
canto e tudo que os outros haviam deixado
intacto. Amar amor gentil, antes e depois do
ato.
Você não sabia o outro nome, pelo qual
te chamaria, com insistência, a certa altura:
nome lindo de se colocar aqui agora. Aquele
que um dia - intuo muito bem porque -, você
enterrara. Mas eu te sei nome e sobrenome,
também lá e então, e desde sempre. E saberei
cem jeitos diferentes de te chamar, Adrianna.
* Publicado no Balaio Porreta 1986 nº 2558
o gesto dele
A faca não corta o fogo; mas arrisca
Para Adrianna Coelho
Cortemos apenas um gesto:
a mão perfeita, por demais
perfeita. Cortemos o
atrevimento de se ser
perfeito; o mais,
deixemos quieto.
Cortemos as quimeras
as tessituras por demais
simétricas, os contextos
e sólidas estruturas, e
deixemos o andar manco
o verso manco e branco,
o olhar reverso o breu e o
branco, quando se dão no
palco.
Cortemos apenas um gesto
com faca afiada: a frase de
fogo em sublime metamorfose,
a frase que não se apaga nem na
neve; a metamorfrase na porta do
templo - de Zeus, de Hera -, que
também é
nave.
Marcelo Novaes
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