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recíproca


de repente assustam-me
os teus destroços abandonados
à superfície dos meus olhos
rasos de água


solstício


« a utopia está lá no horizonte »
                       eduardo galeano



prendo-me ao que se move
para retirar da dor
a monotonia

o que de mim se afasta
ou cai como fruto
ou flor


   por isso deixo-me
   levar a noite
   dentro

   que meus poemas
   são feitos de outonos
   memórias
   e esquecimentos


reversos




meus tormentos ainda
persistem como peixes
   que sobem um rio

que não sabem dos
horizontes e da aflição
    nos portos

e não se importam
com o inaceitável sentido
   de todas  as dores

ou com a erosão
em  meus olhos embaçados
   de saudades

e no meio de tudo
continuo detenta
de cada uma de suas
   margens


legado



achei o jeito
de anoitecer os silêncios
 cheia de
    luas e lenhas

cais
naufrágios e dores

     teu esboço e tua
 ausência