o gesto dele



A faca não corta o fogo; mas arrisca
Para Adrianna Coelho


Cortemos apenas um gesto:
a mão perfeita, por demais
perfeita. Cortemos o
atrevimento de se ser
perfeito; o mais,
deixemos quieto.


Cortemos as quimeras
as tessituras por demais
simétricas, os contextos
e sólidas estruturas, e
deixemos o andar manco
o verso manco e branco,
o olhar reverso o breu e o
branco, quando se dão no
palco.


Cortemos apenas um gesto
com faca afiada: a frase de
fogo em sublime metamorfose,
a frase que não se apaga nem na
neve; a metamorfrase na porta do
templo - de Zeus, de Hera -, que
também é
nave.




Marcelo Novaes