Para Lau Siqueira
são poucos os pavios
que me acendem
somente as palavras
me incendeiam a língua
cabelo unhas pele
e dentes
arrisco-me em cada página
com a ponta dos dedos
como se riscasse
um fósforo
e lanço-me em chamas
nas contexturas de fogo
do texto sentido
a poesia inflama
[frágil sou eu!]
26 comentários:
Minha cara: os lances exatos de suas palavras constroem/incendeiam a própria textualidade do poema. Tudo aqui é visceral, é apaixonante, é fogaréu. Se você é frágil, os poucos pavios que a acendem pelo menos iluminam a sua poesia: com os necessários riscos provocados pela Arte. Um beijo.
Lançamo-nos nas chamas de olhares diversos que oras incendeiam, oras são incendiados. Muito bom, Pav. Bjs
Belas metáforas e jogos de palavras. E o mais legal é que não terminou previsível, surprendeu: "frágil sou eu". Gostei.
Caraca, vir aqui sempre é um presente. Mas, dessa vez, emudeci. (A beleza tem dessas coisas. Deixa a gente sem palavras).
Quando eu botar fogo na roupa
Você vai se arrepender
De tudo o que me fez
Voce vai ver meu corpo em chamas
Pelas ruas... Ho, yeah
E o povo todo horrorizado
Iluminado pelo meu fulgor mortal
Eu vou dançar
Girando o corpo incendiado
Até cair no chão
yeh yehyeh yehyeh yeh
O grito agudo da sirene
Dos bombeiros
Alertando a multidão
Alguém falando que era um louco
No céu negro, a lua cheia a brilhar
Segure a mão de uma criança
A mão gelada
E a mãe gitando: "Não e não!"
E eu tão feliz
Guirando colorido
Sob as chamas do luar
yeh yeh yeh yehyeh yeh
Quando eu gritar não se arrepie
Lembre apenas
Das contrárias que me fez
Saia correndo e mergulha
Assim vestida
Lá no mar... ho, yeah
Mas não vai ter mar que me salve
Da alegria deste salto
Em fogo e luz
Olhe pra mim
Essa é a peça de teatro
Mais bonita que eu já fiz
yeh yeh yeh yeh yeh yeh
Depois a noite há de descer gelada
Sobre os corações
De quem souber
E alguém dirá que foi
O primeiro a ver... oh, yeah
A presença selvagem
De um clarão vermelho
Rodopiando pelo chão
Esse sou eu
Dorido, dolorido
Colorido e sem razão
Ou não...
Marco Polo (Ave Sangria)
Esta tua poesia, parece desprender do porprio corpo...Um abraço e deixo um blog para que vejas:
http://simuladordevoo.blogspot.com/È de um amigo poeta..
hum, por essa o fogo põe a mão.
faiscas!
eita!!!
que lindo, pav!
Aiai que ler "Texto Sentido" me deixou parado aqui admirando a ciência no cérebro... Abristes com um sublime magistral a poesia sentida,,,
Bjs e intertextualizadas invenções!
Vc é de uma sensibilidade incrível menina...
E a impressão q sempre tive, desde qdo e conheci, é q vc se fortalece na sua fragilidade.
Bjimm, minha menina linda!!!
Frágil ou inflamável?!
Fosse isso um papel, o final do poema seria ir-se consumindo, ao término da leitura.
Deixo um meu, de labaredas, pra vc, curto, que cabe aqui:
A Mulher Verde
Quando a mulher verde
surgiu, no meio do fogo que
crepitava, parecia-se mais
com a morte.
Seu uivo agudo, escuro,
escarlate, fez lembrar
manada de búfalos
quando foge.
O som do desespero:
a espera eterna do eterno
passageiro.
A mulher verde no meio da
lareira, fez lembrar o afluente
do Rio Negro, a trilha por onde
segue a madeira, derrubada im
-propriamente, rumo ao
despenhadeiro.
A mulher verde, em seu uivo
e em seu cheiro de enxofre, fez
lembrar do verbo, quando sofre
o sonho ausente: íris sem olhos,
tronco sem membros, boca sem
dentes,
dorso membranoso,
como o de um
lagarto;
timbre e dicção
de dar nos
nervos.
Marcelo Novaes
Beijos, e parabéns pelo blog!
um dia aprendo a comentar, mas dá mesmo é vontade de escrever um poema para dialogar, mas hoje não estou em versos e, portanto, deixo apenas esta prosa atravessada que poderia ser resumida em duas simples palavras: ótimo poema.
beijos
Enquanto eu dormia
A chuva caía
Os barrancos despencavam
E as luzes dos morros indicavam
Que nessa estranha geografia
Dormir é morrer aos pouquinhos
Enquanto eu dormia
Um tempo arrevesado se extraiu
Do tempo de sono que perdi
E esse tempo inexato desbarrancava
Dentro do conceito de tempo que eu reinventava
Ricardo Soares
belo belo pav!
acredito que o lau vai adorar =)
inflama e chama
o corpo
de bobeira
Incendiou geral!!!! lindo PAv!!!
brigadão pelos seus versos carinhos
beijos
Lembrei de um trecho d'um poema da Cláudia Roquette-Pinto onde ela diz que é uma mulher que acredita nas palavras. Você vai além: não apenas acredita, sente (permite que te queimem.
Poema vivo. Tudo aqui arde, lindos teus escritos.
Eu sempre me inspiro quando leio uma poesia... encendeia-me.
Piromaníaca!
poema latejante de um peito rubro, me agrada :)
abs
Jardim
pavitra toda
(cariños pradriana. alegriadencontrar poraqui, um dos mestres da minha inquietude, Moacyrne. Ducaralho!)
Fui!)
alegram-me palavras povoadas
de essência sangüinea
poros saltando dos ossos
como se tudo
fosse um álibi inexprimível
faço sílabas
não sei inventar palavras
palavras
são elas que inventam-se
em mim
como artífice do esquecimento
vou colhendo maresias por sobre
a janela
no vidro tenso sombreado
por minh'alma
numa cadência de estios
dentro
parece que tudo some
sou um nomem
no nome e na pele de um homem
Pronto, novamente o poema no seu lugar. Devo publicálo tb no blog. bj
Poema bonito, fogoso, ardido!
(frágeis somos nós...)
Abraços, Pavitra!
acabei de ver batman,
tava cheio de arquivos mentais fresquinhos sobre coisas incendiando!
Ri explodindo por dentro!
Beijos
Que lindo poema!Frágil?!rs..
e eis que em meio a fragilidade humana brota-se a maior das forças aquela de se colocar como observadora da mente e não degladiar com o pensar que surge bemem meio ao meditar;
aquela de nao ver o ego como um inimigo e sim apenas nao o valorizar tempo suficiente para que ele possa destruirnos;
eis a força da dualidade ser fragil tem suas necessidades...rs
beijos.
Elaine Siderlí.
"do texto sentido" BRAVO!
Cara poetisa,
Belo poema. Encanto aceso entre palavras precisas!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
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