okavango
tudo em meu poema
desce montanhas
com sede de sol e de sal
e corre líquido sonhando
com a invasão ocre
do encontro pelo rio
tudo em meu poema
alaga e depois seca
em minha floresta
de papiros
enquanto escrevo
sobre meus desertos
e minhas águas
* Diálogo de Paulo de Carvalho com o poema Compondo sobre águas
* Publicado no Balaio Porreta 1986 nº 2581
17 comentários:
tudo em seu poema alaga
e depois seca
mas mata a sede.
ou não... hahaahhahaha
Gostei muito deste poema Pavitra.
Muitas imagens bonitas, um ritmo bem construído e uma dor silenciosa para coroar.
Concordo com o Adair. Lindo o que ele falou, combinando com suas letras. Ei, moça, vou colocar seu "sítio" lá na minha "selva", ok?
beijos, S.
lindo demais... nessa planície africana a possibilidade da vida se fazer da água, do poema se fazer da sede.
vem e desagua
rio de poesia
leito de sonhos
margens de palavras
enseada de um som ocre
escorre poesia em ti
adorei sua floresta de papiros.
Belíssimo poema, Pavitra! quando paisagem e sentir coincidem, fortes, dissonantes e em harmonia.
Não sei se já passei para agradecer por sua última passagem no casulo - é que tenho trabalhado um pouco demais, não sei mais em que universo de palavras ando...
Mas digo ainda e outra vez, obrigada! seus comentários são poemas, são um encanto e me comovem.
abraço grande.
Seus desertos, suas águas, suas emoções, suas palavras: seu POEMA. Um beijo.
nesse rio de poesia
quero fazer de heráclito
um advérbio de mim... rs
temos um sonho em comum!!!! arrepiei!
o movimento é bem esse: a onda quebra com força, invade tudo, e se arrastando se retira
Hoje a partir das 21h, no beco das carmelitas, próximo ao beco do rato, tem encontro de poetas: Ratos diVersos. De quinze em quinzes dias alguns poetas se reúnem pra recitar poemas próprios e de outros autores. Microfone aberto para todos. Apareça por lá e leve seus poemas, acho bem interessante.É hoje, na Lapa, beco das Carmelitas, n9. Se houver interesse procure no youtube ou mesmo o blogue do grupo. Se aparecer por lá, manifeste-se.
kavango tá na divisa do zimbabue com a zâmbia, onde tem a catarata Victoria, sabiava?
tudo em teu poema
é contrasensual
tempo de morrer e de parir
Parabéns pela sensibilidade de seus versos e belas ricas e belas metáforas.
Um abraço,
Roberto
Adriana,
Poema-água sonha
encontrar água.
Por isso desce
a montanha.
Beijos,
Marcelo.
poema-água
e poema-deságua.
mas não há mais desertos
em mim... sabia?
beijos
"Floresta de papiros"
ótima imagem poética, inusitado.
Esta idéia do poema ser líquido e seco, correr como rio, muito bom.
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