o peso




demorado, pessoal e intransferível
desmoronamento
às seis da manhã quando tudo morre
não há mais restos sobre a pia
apenas um imenso branco
manchado
de minha máscara derretida
que escorre pelo ralo
livrando-me do que sou


às seis da manhã ainda não
acordei de um sonho ou pesadelo
sou apenas delírio
um corpo astral em declínio
há um peso cimento em meus ossos
há um todo que eu não sou
há um todo que não sei ver


às seis quando eu furo meus olhos
às seis quando todos os artifícios falham
minha eterna negação
chega, espelho: não quero saber
se há alguém mais






* Poema escrito com Diego Paleólogo

11 comentários:

Anônimo disse...

Sabe que eu tenho aqui guardada em minha personalidade vagabunda o dom de acordar mal em qualquer horário, sempre descansado e sempre mal, porque pobre é o Diabo que tenta acordar-me antes do que acordo.

Ainda serei assassino quando dormir com o revólver sob o travesseiro.

Essa poesia serve para todos os meus horários. Acordar é horrível. Detesto acordar.

Se gostaria de morrer dormindo? Juro por tudo que é mais sagrado que sim! Beijos!

("Mas sei que nada é divino... que nada é sagrado.. nada é maravilhoso, não!" - Belchior - um compositor merda como ele só)

Sem beijos que acabei de acordar!

Cosmunicando disse...

Pav, depois eu comento o poema, que por sinal é maravilhoso... agora só vim pra dar vivas ao coment do Drigo! hahahahaha
me identifico totalmente!!!

Anônimo disse...

que texto bacana!!!
to gostando de td que ando lendo por aqui.
agora o legal e tb curioso;;; é que de alguma forma o texto me lembrou muito uma frase que anda na minha cabeça, que é a ultima frase da musica " Ghost Song" do Doors, que é assim:

"EVERYTHING IS BROKEN UP AND DANCES.

hehehe
bj

Anônimo disse...

Um pouco de ralo e espelho... a imagem que escorre.

Gostei do poema!

Bjo!

Anônimo disse...

Oi Pav..saudades.
E sempre que posso cá estou.
Bela parceria, estão de parabéns, continuem.
Bjks

Cosmunicando disse...

tenho estado às seis da manhã
tenho manhãs de seis máscaras
escorrendo pia adentro
meus olhos furaram em lágrima
meus ossos viraram amálgama
do todo de ainda não ser.

Cosmunicando disse...

o peso caiu como uma luva... rsrs

pat werner disse...

a insustentável leveza de ser seis
da manhã ou mais.

Átila Siqueira. disse...

Adorei o poema, profundo, como todos o que encontro aqui sempre. Esse lugar é realmente especial.

Acredito que seu poema fale das várias faces que temos, de nossas dúvidas, de nossas tentativas de sermos melhores, diferentes. Acredito que ele fale das frustrações do que queremos ser e as vezes não conseguimos completamente.

Engraçado, eu também andei escrevendo sobre esse tipo de coisas outro dia.

Sobre a sua visita, digo-te que adorei. E concordo contigo, Poesia não se vende, não pode se tornar mercadoria. Mas também é importante que seja divulgada sempre, e para isso o livro é o melhor meio.

Acho que vender poesias não é vender uma mercadoria, mas é vender sonhos, vender sentimentos, ou compartilhá-los com os outros. E os poemas são feitos para isso, para transferirem sentimentos em palavras. Transmitirem cada momento de nossos pensamentos. Poesia vendida é um pedaço de nossas almas que está sendo compartilhada.

É por isso que eu sempre tento encher minha estante de livros, vou aos sebos quando posso e faço a festa com os livros bons e baratos. Adoro comprar poemas.

Obrigado pela visita lá no meu blog, Pavitra. Tu és sempre bem vinda lá. Hoje vou colocar um post novo, e se quiser me visite, vou ficar lisongeado se o fizer, como sempre fico.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

Janaína S. disse...

Gostoso de ler o seu blog.

meus parabéns! :D

Amanda Santana disse...

Pesadelos e sonhos nos levam levemente, mas quando se acorda o peso dessa mascara derretida ainda esta sob meu rosto, as seis ou as dezoito.

lindo seu blog!

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