com os pés no chão
ando descalça pela tua casa
e atravesso os cômodos
sem as pontes que costuram
todos os caminhos
o chão, passivo, ninho
feito de referências e almofadas,
recolhe meu sono em travesseiro de penas
e abre teu peito ferido sobre minhas pernas
e as mãos deslizam sobre o tapete,
as faces, os corpos e as lágrimas
e os olhos que silenciam
interferem como lâminas
e ao chão, passiva, cheia
de interferências e joelhos
e rodapés e dores em todos os cantos,
entrego-me inteira no piso do banheiro
e meus sapatos, amor,
ficaram do lado de fora,
junto com o meu passado:
agora meus passos são outros
e ando descalça pela tua casa.
* Georgio Rios fez um lindo poema para mim
* Publicado na Diversos Afins - Revista Cultural Eletrônica
56 comentários:
o pó dos sapatos foi finalmente soprado... o chão como testemunha da nova dimensão onde agora os pés podem até flutuar =)
lindo, como.vente
beijos dri
Dri,
Belo e sentido poema. Doído como as antigas dores do mundo,repetidas e repetidas, à exaustão [quantas penas, quantas lâminas, quantas lágrimas...]. Esperançoso como o mundo que alguns de nós esperam ajudar a construir. Pisando chão firme com passos dignos.
Piso teu chão.
Beijo teus pés.
Marcelo.
os meus passos, os meus sapatos estão maltrapilhadas, desgastados, querendo um solo seguro, caminho nitido e certezas...
beijos
os meus passos, os meus sapatos estão maltrapilhadas, desgastados, querendo um solo seguro, caminho nitido e certezas...
beijos
a casa, a casca. a casa: o ventre...
me parece que tal nudez é coisa de podólatra...
bom texto.
saudade de você, cara.
ei bardo! tudo bem, podolitria nâo é crime...
Adriana que lindo este renovar em cada passo.
beijos
Eis a volta:
ninho
almofadas
travesseiro de penas
tapete.
Tudo, aqui,
é suavidade;
tudo, aqui,
é poesia.
Beijos.
que triste e que bonito.
ADOREI. TEUS TEMAS SÃO PERIGOSOS PARA OS QUE O USAM. PODE-SE FALAR DE AMOR E SEXO SIM, E DEVE-SE. MAS SEM BAIXARIAS OU IDEALIZAÇÕES JUVENIS. VOCÊ PASSA COM LOUVOR POR TEMAS EM QUE A MAIORIA SE DÃO MAL.
PARABÉNS, PARABÉNS MESMO.
JESUS SEJA CONTIGO.
mê, agora pode-se mesmo flutuar... :)
beijos
marcelo,
é assim que vamos seguir, com passos firmes.
beijos, meu amor
luana,
nem sempre o caminho é nítido...
o que importa é a disposição para trilhá-lo. :)
obrigada pela visita e comentário.
beijos
maykson,
vc é um lindinho! :)
pimenta,
tbm senti saudade, cara.
mas só vc pra levantar "coisa de podólatra"... rsrs
oi, laerth
obrigada pela "defesa"... rs
beijos
moa!
estou de volta, sim e
com saudade de vc, viu!
beijos
oi, henrique! :)
well,
sabendo que vc não tem papas na língua e nem trava nos dedos, fico muito feliz qd vc me parabeniza.
que jesus esteja contigo tbm, meu amigo (e com o pitocudo).
beijos
Olá, deixe-me apresentar, sou a Nathi.
Passei pra conhecer e amei seu poema!
É profundo e ao mesmo tempo tão simples como uma folha que cai naturalmente da árvora pois é momento de passar e deixar o passado no passado.
beijos
Que Jesus esteja contigo - gostei desta última e repito antes que me esqueça. Gostei da sua flutuação, leveza, pureza. É preciso despirmo-nos de nós mesmos, só sobra o gesto de entrega, ficamos livres.
Um grande abraço, Adriana.
oi, nathi!
obrigada pelo comentário tão profundo e caloroso.
vou visitar seu espaço.
beijos
josé carlos,
é preciso o gesto da entrega, sim.
é através dele que sentimos a liberdade (ou nos permitimos a ela).
beijos!
"e meus sapatos, amor,
ficaram do lado de fora,
junto com o meu passado:
agora meus passos são outros
e ando descalça pela tua casa."
olha, o poema inteiro, óbvio, espetacuLAR!!!! mas essa ultima estrofe... algo digno de cartaz... indoor, outdoor, artdoor, in the sky, in the flor in floor! rs.
qd tiver minha casa, estamparei-o na parede. guardei.
beijo.
ps: minha fã? cabe aqui aquele velho clichê de recíprocidade. tks, querida!
Adrianna, sublime é o seu poema, e a descrição que sua leitura enseja.
Gostei das "interferências e joelhos". Imagens, entre outras aqui, que seguramente me trazem boas lembranças.
Abraços!
Joeldo
Oi Adrianna,
Conheci seu blog através da Adriana Costa. Poesia sem mistério, pura e simples. Adorei! Bjs. Bibiana.
o que seria da vida se não fosse a poesia...parabéns
www.gibertomoretto.zip.net
Mais que lindo! Magnífico o toque de amor e leveza, a entrega, o lirismo...Enfim, um dos mais belos poemas que li ultimamente!
Parabéns, Adriana!
Beijos
Mirze
é bela
essa imagem livre
que o poema desvela
sobretudo
gostei de uma palavra
que aparece no canto
mais abaixo
que aqui acumula poesia
"rodapés"
não foi acaso
a escolha
e mesmo que fosse o caso
interessa
que ela funciona
como uma palavra mágica
que descansa sobre a poeira do tempo...
casa de asas, onde rodam os pés, no piso-riso, em trégua para a entrega...
"indoor, outdoor, artdoor, in the sky, in the flor in floor! rs."
eita, que coisa boa, múcio de quinta grandeza!
me chama para o chá de casa nova... rsrsrs
e sou fã, sim! :)
beijos
oi, joeldo...
legal saber que trouxe boas lembranças o que escrevi aqui, viu. :)
beijos
oi, bibiana
que bom que vc chegou aqui!
vou visitar vc tbm. :)
beijos
pe. gilberto,
eu tbm não sei o que seria da vida se não fosse a poesia... talvez eu fizesse algum poema sobre isso. rs
obrigada pela visita! :)
Quente e bonito, esse poema!
Abraço, poetisa!
mirze,
fico feliz com vc me lendo e sempre tendo essas palavras generosas.
e tem mesmo amor, leveza, entrega (até lirismo) nesse momento da minha vida - nem falo de poesia! :)
beijos, querida
e obrigada!
fernando,
vc é uma das pessoas
(uma das pessoas especiais e que admiro e gosto pra caramba)
que sabem melhor ler o que escrevo...
e eu adoro as suas intervenções
e mais, pra mim vale muito um elogio seu.
e nada é por acaso, né? :)
a mágica tá sempre presente!
beijos, zappa
carito!!!
eu não sei de onde vc liga tanto as palavras assim, tão rapidinho, cara... rsrsrsrs
"trégua para entrega"
é bem por aí! :)
beijos, carito querido.
p.s. vou passear nos poetas elétricos logo, logo...
Moça,
Esse poema eh uma coreografia. Reflita... eu vejo isso...
Belos Versos.
Lualves
andar descalça pela casa é um passo para o sempre.Dar-se a conhecer por inteiro.Que lindo!
Concordando com Múcio que esse final está maravilhoso!
Tudo lindo por aqui.
Te mandei um e-mail, Adrianna! Depois vê lá e me responde. ;)
Beijoss
Desprender os pés destas sendas e rumar sem fim...O lirismo ainda reverbera aqui em meus ouvidos, sons deste poema...
estamos mbas descalças. sentir mamã :)
É impressionante como tantas outras coisas ficam do lado de fora quando entram em cena os lampejos de nossa apaixonada entrega. Esse poema fala por si, num desenho de formas e sensações tão nossas.
Bravo, Adrianna!
Grande beijo!
...SAUDADES DE TI DRI.
BEIJO ENORME
de pés nus
melhor se sente o chão
e melhor se voa
Belíssimo.
Beijo
uma das doações mais sensíveis que já li.
linda mesmo.
beijos...
outro poema seu que me tira os pés do chão...
gosto de poemas assim, que misturam o aparentemente trivial com profundamente reflexivo, poemas que andam pelos cômodos da casa e esquecem os sapatos do outro da porta do banheiro...
Ando descalço pela sua poesia, Adrianna.
uau!
correspondência exata
sem ponte
sem porta
mas cada ponta do dedo
consciente do chão.
beijos!
Quanto mais me distancio, mais escrevo e falo esse nome maldito: meu deus fausto, tu escreve pracaralho! Pena que é fogo de palha.
tá desaparecida. gfaz falta, moça :)
Oi, Adri,
no Dia Internacional da Mulher,
você caiu no Balaio.
Beijos.
Oi, Adrianna,
muito legal seu blog. profissional. quem sabe um dia eu chego lá. rs..
pus um link pro seu blog no meu, ok?
Bjss
Belo poema!
E belas imagens poéticas como "chão de referências e almofadas" e o "passado do lado de fora, junto aos sapatos"
Gostei!
Beijos,
Paulo
meu nome é pablo
como um trator é vermelho
incêndio nos cabelos
pó de nuvem nos sapatos
meu nome é pablo
nasci num rio qualquer
meu nome é rio
e rio é meu corpo
meu nome é vento
e vento é meu corpo
incêndio nos cabelos
pó de nuvem nos sapatos
como um trator é vermelho
pablo é meu nome
meu nome é pedra
e pedra é meu corpo
(Ronaldo Bastos)
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