até o fim



escrevo apesar das buzinas
do gás carbônico
do meu caminho sem árvores
das centenas de grades
por todos os lados

escrevo apesar de tudo
por tudo ou por nada
até que anoiteça de vez
e a poesia se apague
como se houvesse de repente
um blackout



13 comentários:

Cosmunicando disse...

e a poesia há de sustentar a claridade e a clareza dos dias...
que lindo Pav!!
beijão

Anônimo disse...

escreva sempre por td e por nada, mas não deixe nunca que sua poesia acabe...ela nos ilumina!
Beijos menina Pavitra

Anônimo disse...

Plante um pouquinho de poesia em cada esquina do teu caminho...
Escreva em cada muro "AME A POESIA"


Não te admires se numa manhã dessas, surgirem árvores pra te acompanharem na estrada.


( amo ler-te )

Anônimo disse...

Escrever é como re-viver ,não é? Estou experimentando um re-viver que espero que seja duradouro...
Beijos!

Anônimo disse...

Escreveste este apontamento depois de vires a Sampa? É que poderia ser um retrato.
Não pares, Pav, apesar das buzinas, do gás carbônico e das grades, não pares.
Bjs

Anônimo disse...

Importa que se escreva antes que a poesia se apague.
de repente... como se houvesse.

Bom saber-te, Pav.

Beijos

Anônimo disse...

Pav, não sei como funciona com você, mas quando ouso escrever poesia, tem que ser na hora - se passar um tempo, perde o sentido e a razão.
Serve até guardanapo de boteco..hehehehehe!
Gostei muito e reforço o coro: continue!!!!
Beijos

Anônimo disse...

Escreve ENQUANTO tudo isso, e POR CAUSA de tudo isso. Exatamente. É um contemplar, é um desabafar, é um fazer de tudo nessa representação, é sobretudo um ter potência. Acha-se na escrita o que se possa manipular ou, ao menos, que permite uma troca justa, equilibrada.

Eu escrevo e poderá em mim ser, até mesmo, diagnosticado como doença, porque meu escrever aparece em quase tudo de mim e inclusive no resto.

Escrever é segregar a beleza e a imundície de significados que nos invadiu outrora.

Anônimo disse...

Se parar, eu vou passar um abaixo assinado! rsrsrsrs... gosto muito deste seu estilo que me faz perder o fôlego...de alguma maneira este poema me lembra o Ariel...é que ele me tira o fôlego sempre! Rsrsrs
Beijos ;-)))

Anônimo disse...

Então serão as mangueiras enormes e centenárias da minha cidade.

Aí a gente pára no meio do caminho pra olhar a tarde...

Bjo enorme.

Anônimo disse...

"e para vc, escrever é essencial... não considero doença de maneira nenhuma!"


Fez-me pensar:

Será interessante eliminarmos o mal, o negativo, a começarmos por retirá-lo até mesmo das palavras negativas, recebendo-as todas hospitaleiros?

Recebê-las mal não nos afasta da compreensão pertinente, é de certa forma negar-lhes atenção adequada?

Ser negativo para negá-las?

Palavras tentam representar o mundo, aceitá-las seria uma forma de praticar ludicamente a aceitação do mundo?

Se é difícil lidar com a aspereza delas não será mais difícil ainda lidar com a aspereza do mundo que envolve inclusive elas também?

E minhas sugestões, são tão resultados de nossa rica dialética que são interrogações e servem a minha própria reflexão.

DEFESA?:

Sim, "doença" não será meu único ângulo de abordar meu dom, minha "necessidade", mania, queira "Deus"!; tampouco deve ser minha melhor forma de abordar esse escritor em mim, digamos que foi o do momento.

Obrigado!

Marcelo Novaes disse...

Dri,

Por falar em claridades e escuridões, lembrei-me desse Timbre:




Essa luz acesa é minha voz acesa.
É importante decifrá-la, à noite,
sobre a mesa, como lamparina
É importante identificar a fonte
de onde provém a doença.




É importante para mim, é
importante para todos,
decifrarmo-nos em
timbres outros que
não o que falamos.




É importante decodificar tambores
no meio da noite, como ataques sagrados.
É importante conhecer os primeiros passos
de onde surgem os rituais inteiros, negros,
macabros, e os balbucios iniciais que fazem
nascer os
Salmos.




É importante conhecer as interjeições
antes dos verbos. Inferir, deduzir, des
-dobrar escandir os verbos dessas inter
-jeições primeiras e primais. Desdobrar
os nomes desses verbos e fazer surgir
adjetivações, logo depois.




É importante erigir a língua do mesmo modo
que se constrói a flor sobre um altar de névoa
multicolorida / multicor. É importante interrogar
da neblina a razão presumida. É importante alcançar
calibrar da voz o timbre mais relevante, que é o que
há de a revelar
pra sempre.









Marcelo Novaes




Beijos.

Marcelo Novaes disse...

Falar ilumina o caminho...

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