vitralidade




tuas cinzas
areia e sais
unidos à minha fragilidade 

improvável engano mesopotâmio
em meus imprevistos
vitrificados

nas tuas mãos de oleiro
meu corpo moldado
em complexos ruídos

presos em tuas tramas de cobre
meus reflexos
derretidos

e o momento inexato
em que me entornas
teu líquido

é aquele em que me acreditas
na impossibilidade
do vidro


18 comentários:

Tania Anjos disse...

Que lindo poema Adrianna. Tem uma cadência, um lirismo tão harmonioso que mais parece música. E o teor denotativo do poema se funde com o conotativo de maneira perfeita. Lindo, mesmo.

Abraços!

"e o momento inexato
em que me entornas
teu líquido

é aquele em que me acreditas
na impossibilidade
do vidro"

BAR DO BARDO disse...

a série de entrelinhas é gigantesca

bom

Unknown disse...

Bom dia, Adrianna!

Dos "improváveis enganos mesopotâmicos", moldam-te águas que te espreitam. Banham-te!

"imprevistos
vitrificados"
Jogos de vidros em composição mosaicos...
e do vidro ao barro
ruídos de tuas cores vitrais.

"é aquele em que me acreditas
na impossibilidade
do vidro"

Quem te lê, da vitraliadade, às transparências?

sede de água lambem terras....

Beijos,

Adrianna Coelho disse...



Tania, obrigada pelo olhar sempre atento...
e sempre carinhoso!

um beijos

Adrianna Coelho disse...


sempre as entrelinhas, henrique...
as entrelinhas.

Adrianna Coelho disse...


paulo,
como vc faz para me ler melhor do que eu mesma?

vc, sim, lê minhas transparências,
me encontra nos mosaicos
e compreende minhas areias
(e águas também)

teu comentário é indício
de poema!

Betina Moraes disse...

adrianna,

as imagens fantásticas,
a escrita impecável,
o poema, dos melhores.

Vou recolher para "O Declamador". Posso? :)

um beijo!

Adrianna Coelho disse...

Eleô, qualquer poema escolhido é uma honra...
não precisa nem perguntar :)

um beijo grande!

J.F. de Souza disse...

fecundo!
(ainda que in vitro)


=)

Adrianna Coelho disse...


adorei a tirada, J.F.! rsrs

beijão

Ricardo Mainieri disse...

Nos poetas temos uma certa fantasia em dar vida às coisas inanimadas. Tenho uma poesia que faz certa referência a tua e fala de um escultor que dá vida à sua obra e, em fantasia, faz amor com ela. Coisas da poesia...
Obrigado pela visita, meu blog andava meio deserto de comentários.
Nos veremos mais vezes pelo ciberespaço.

Abração.

Ricardo Mainieri

Adrianna Coelho disse...


e olha
como quintana disse
nós [poetas] não somos azuis
nem nada!

sim, nos veremos pelo espaço
seja ele qual for
mesmo sem tempo.

beijos, Ricardo

Nilson Barcelli disse...

Li todos os teus poemas da 1ª página e vierei teu fã. Parabéns pelo talento poético que as tuas palavras revelam.
Adrianna, obrigado pelo teu convite, só assim cheguei a ti.
Beijo.

Adrianna Coelho disse...


oi, Nilson!

conheço sua poesia (e seu espaço) desde 2008
e é um prazer tê-lo aqui.

agradeço o olhar, a leitura e as palavras.

beijos

Nilson Barcelli disse...

Adrianna, mas, pelo que me lembro, nunca te mostraste no meu blogue.
Porquê...? Gostava tanto de te ler há mais tempo...
Beijo.

Adrianna Coelho disse...

Estive em seu blogue, sim, Nilson, só que com outro perfil. :)

lisa disse...

a arte têm esse poder de falar de coisas tão simples de uma forma tão bem desenhada. Teu poema é pura arte - um artesanato de sentidos e palavras.

Adrianna Coelho disse...


Lisa, suas palavras acabaram
de dar mais sentido ao meu poema.

obrigada!

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