no campo mimado de um poeta elétrico



CAMPOS MIMADOS


poemas fora de
ardem
para Adrianna Coelho



* * *

pela tua poesia andei
agora pise com cuidado:
plantei para ti
campos
mimados.

* * *

o sol alpino
na cabeça
o frio nada valha.

* * *

nenhum verso
seguro.


solto:


palavras




explodem no ar!


* * *

o sol
laço
quando
sou só


luço.


* * *

quero terminar essa poesia tonta
mas dizer não é tão ruim
que quando me dou conta
estou perto do sim.

* * *

amor

o gavião cai
por águia
abaixo.




carito



por água abaixo [poesia incidental]



ainda estou aqui sem saber começar
porque não me acostumei com as metades
nem com os inteiros


quando me dou conta estou perto do fim
ou depois do meio [no meio de mim]
onde todos os caminhos se extinguem
e as pedras servem melhor aos estilingues


haja pulmão para tanto oxigênio
e hidrogênio quando falta o ar
na tentativa de vir à tona na hora errada


o sol a pino, o pino da granada,
a pressão, a queda
a verdade liquidada


[onde há campos minados
e nenhum verso seguro
ou se ouvem as explosões
ou apenas os soluços]



penalidade

para Rodrigo M. Freire


Ninguém escolheu,
muito menos eu,
mas assisti
a esse nascimento
inumano
sem saber que um deus
emergiria
assim de dentro de mim
lascivo, intenso,
faminto e nu...


Que depois do meu contato
mais íntimo e profano
me delataria
e minha pena seria
somente o sentir.


É por isso que agora
sinto muito.